Pesquisa realizada pela Mind Lab mostra que os educadores estão atentos e proativos para combater em sala de aula o desafio da infodemia
Uma das consequências da pandemia da Covid-19 para as escolas brasileiras foi a infodemia, fenômeno que já existia antes mesmo da crise sanitária mundial, mas que foi potencializado a partir de março de 2020 com o aumento de desinformação, impulsionado por notícias falsas compartilhadas nas redes sociais e grupos de WhatsApp.
A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a infodemia como uma das reações geradas com a eclosão do coronavírus, classificando-a como uma “uma superabundância de informação, algumas precisas e outras não — que dificulta para as pessoas encontrarem fontes e orientações confiáveis quando precisam.”
Atenta ao atual cenário e a relevância deste tema no segmento educacional, a Mind Lab - empresa líder no desenvolvimento de tecnologias de impacto social com foco no desenvolvimento socioemocional – realizou uma pesquisa para entender a visão do professor sobre o seu papel contra a infodemia e sobre a escola como ambiente preparado para enfrentar essa batalha no pós-pandemia.
Em parceria com o isaac, o Escolas Exponenciais - uma plataforma de inteligência, líder nacional em pesquisa educacional e um instituto homologado pelo CNPq – preparou um conteúdo especial para compartilhar as informações desse estudo com você, gestor escolar. Confira!
Trata-se de um intenso fluxo de informações falsas sobre um determinado assunto e que se espalham rapidamente pela internet. Os conteúdos não verdadeiros se multiplicam de maneira bastante acelerada.
A pesquisa foi realizada durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 2022. De acordo com a Mind Lab, 1618 professores responderam às perguntas, que tinham o objetivo de entender o papel da escola para a construção de um cidadão crítico, capaz de distinguir uma notícia falsa de uma verdade.
Os dados mostram que os professores estão atentos ao tema e levando-o para o dia a dia da sala de aula, sendo que 87% dos educadores afirmaram que já utilizam um pouco do seu tempo em sala de aula para realizar atividades que auxiliem os alunos a não propagarem fake news.
Outros 81% afirmaram que estimulam seus alunos a desenvolverem redações argumentativas sobre assuntos do cotidiano, que possam ajudá-los a ter um uso mais responsável nas redes sociais, educando e informando. E mais de 98% deles acredita que ainda há muito espaço para as escolas incluírem mais atividades que facilitem o olhar e a leitura crítica dos alunos. Por exemplo, trazendo comparativos de reportagens reais e falsas.
Veja agora os principais dados da pesquisa realizada pela Mind Lab, que ouviu um total de 1618 professores:
* Sabendo do grande número de informações falsas divulgadas em diversos meios de comunicação, você utiliza um pouco do seu tempo em sala de aula para realizar atividades que auxiliem os alunos a não propagar fake news?
- Sim: 1418, o que corresponde a 87,63%
- Não: 200, o que corresponde a 12,36%
* Você acredita que as escolas poderiam incluir mais atividades que facilitem o olhar e a leitura crítica dos alunos? Por exemplo, trazendo comparativos de reportagens reais e falsas?
- Sim: 1598, o que corresponde 98,57%
- Não: 20, o que corresponde a 1,23%
* Dentro da sala de aula, você estimula seus alunos a desenvolverem redações argumentativas sobre assuntos do cotidiano, que possam educá-los a ter um uso mais responsável nas redes sociais?
- Sim: 1312, o que corresponde 81,28%
- Não: 302, o que corresponde a 18,71%
* Você já presenciou casos de fake news dentro das salas de aula? Se sim, teve a liberdade de reeducar e explicar a verdade aos alunos?
- Sim: 932, o que corresponde 57,56%
- Não: 697, o que corresponde a 42,43%
* Você acha que a realização de atividades de reflexão e problematização de temas polêmicos na sala de aula ajudaria os estudantes a terem mais cuidado nos momentos de analisar se uma informação é verdadeira ou é uma fake news?
- Sim: 1588, o que corresponde 98,20%
- Não: 29, o que corresponde a 1,79%
* Você inclui nas suas aulas propostas que ajudam os alunos a refletirem sobre os impactos da publicação de seus pensamentos e opiniões nas mídias sociais?
- Sim: 1315, o que corresponde 81,42%
- Não: 300, o que corresponde a 18,57%
De acordo com dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em maio de 2021, 67% dos estudantes brasileiros de 15 anos não sabiam diferenciar fato de opinião. Os números reforçam a importância do papel ativo do professor e da escola nesta jornada.
Sendo assim, Miriam Dantas, coordenadora pedagógica da Mind Lab, destaca a importância de os professores atuarem no processo de ensino e aprendizagem como curadores do conhecimento.
“Essa função deve ser entendida de forma ampla e exercida também no sentido ‘legal’, como a pessoa que representa os interesses de outros ‘incapazes’ de fazê-lo – no caso, os alunos”, pontua.
Por sua vez, os educadores entrevistados também entendem a necessidade de trabalharem com essa curadoria em sala de aula. Segundo a pesquisa, 98% dos professores responderam que acreditam que a realização de atividades de reflexão e problematização de temas polêmicos na sala de aula ajudaria os estudantes a terem mais cuidado no momento de analisar se uma informação é verdadeira ou é uma fake news.
Um dos caminhos para combater a infodemia nas escolas é por meio da educação midiática, que reúne diversas competências para que crianças e adolescentes sejam capazes de consumir, analisar e produzir informações.
Confira três sugestões de atividades para fazer em sala de aula e que podem ajudar os estudantes a desenvolverem o pensamento crítico:
- Leitura Crítica: formar estudantes para consumir conteúdos informações com olhar crítico, conseguindo desconfiar, verificar, validar ou rebater a informação;
- Escrita: tornar alunos capazes de se expressar de maneira assertiva e responsável nas redes sociais e em quaisquer ambientes virtuais;
- Senso de participação: desenvolver a cidadania e a responsabilidade ao compartilhar informações na internet.