O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, é celebrado devido às milhares de lutas, batalhas e vitórias femininas ao longo da história.
A data abre ainda mais espaço para que sejam destacadas as conquistas sociais, políticas e econômicas que inúmeras mulheres vêm alcançando nos últimos tempos.
É importante que as escolas atentem-se a desenvolver planos de ensino com essas temáticas dentro das salas de aula, para que os alunos possam entender e dar o devido merecimento a esse dia como um grande fato histórico para a constante construção de toda comunidade.
Confira a seguir 6 perfis de mulheres que, além de transformarem a educação, fizeram história com suas revoluções, ideias, criações e ensinamentos.
Além de jornalista e diretora do jornal A semana, Antonieta de Barros (1901-1952) foi a primeira mulher negra eleita deputada no Brasil. Ela nasceu 13 anos após o fim da escravidão no país, era filha de uma lavadeira e escrava liberta com um jardineiro. Desde muito cedo precisou se adaptar à sociedade para conseguir viver na época e realizar seus sonhos.
Antonieta é a autora de uma das leis mais famosas do Brasil, a Lei Estadual nº 145, de 12 de outubro de 1948, que decreta o Dia do Professor e o feriado escolar no estado de Santa Catarina. O dia 15 de outubro é referente à promulgação da primeira grande lei educacional do país e que foi sancionada no mesmo dia no ano de 1827 por Dom Pedro I.
Talvez um de seus feitos mais benéficos e importantes para a educação, foi a fundação do curso de Alfabetização Antonieta de Barros, em 1922, dentro da sua própria casa e ela mesmo quem ministrava as aulas.
Em 1937, Antonieta reuniu os principais artigos que escreveu ao longo da vida e deu origem ao livro Farrapos de Ideias. Todo o lucro arrecadado com a 1ª edição foi doado para a construção de uma escola, onde eram abrigados os filhos de pessoas afastadas por terem lepra.
Maria Montessori (1870-1952) foi a primeira mulher a se formar em medicina na Itália, mas infelizmente não pode exercer a carreira porque na época não podia realizar avaliações clínicas em homens. Com isso, iniciou os seus estudos sobre o aprendizado de crianças, tornando-se a pioneira na pedagogia ao enfatizar a autonomia e o protagonismo do aluno, e não a figura do professor como única fonte de conhecimento. Esse método educacional, chamado de Montessori, é aplicado até hoje em inúmeras escolas públicas e privadas de todo o mundo.
Maria sempre acreditou na capacidade das crianças de conduzirem o seu próprio aprendizado, para que o intelecto fosse manifestado em seu próprio ritmo, cada qual no seu tempo e do jeito, sendo ela e os demais professores, apenas responsáveis por acompanhar o processo. Foi então que passou a fazer parte do movimento Escola Nova.
Em 1907 a médica e pedagoga fundou a primeira Casa Dei Bambini, onde era aplicada a ideia de educação para a vida e a formação integral dos indivíduos.
Escritora, compositora e poetisa brasileira, Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é muito conhecida por ser a autora do livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado no ano de 1960 - chegando a ser traduzido em 14 idiomas, com auxílio do jornalista Audálio Dantas.
Tornando-se uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada até hoje uma das mais importantes do país, inclusive reconhecida mundialmente.
Carolina morou praticamente a sua vida toda na favela do bairro Canindé, em São Paulo, onde por muitos anos sustentou a si mesma e seus três filhos como catadora de papéis.
Além disso, ela também era compositora e poetisa. Um detalhe incrível, é que sua obra e vida permanecem como referências de diversos estudos, e não só no Brasil, mas em diversos países no exterior.
A educadora brasileira, Dorina Nowill (1919-2009), perdeu a visão quando tinha 17 anos e foi a primeira aluna cega da Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo, e a formar-se professora. Após se graduar, ela realizou o curso Teacher’s College, na Universidade de Columbia (EUA), onde se especializou em educação para cegos.
Logo que retornou ao Brasil, em 1946, Dorina se reuniu com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e a convenceu da importância de criar o Departamento de Educação Especial para Cegos.
Nesse mesmo ano, a Fundação Dorina Nowill, inicialmente chamada de Fundação para o Livro do Cego no Brasil, foi fundada. Uma organização sem fins lucrativos que já produziu desde então mais de 6 mil livros adaptados, 2.700 audiolivros e 900 títulos digitais. E em 1948, foi inaugurada a primeira imprensa em braille, responsável pela impressão de livros didáticos e demais documentos.
Além disso, a educadora brasileira também dirigiu a Campanha Nacional de Educação de Cegos, do MEC, que criou os primeiros serviços de educação de cegos no país. Dorina também foi a principal responsável pela luta por aberturas de vagas corporativas para as pessoas com deficiência visual.
Ana Mae Tavares Bastos Barbosa (1936), conhecida apenas como Ana Mae Barbosa, é educadora e pioneira no método de ensino por meio da educação artística, a arte-educação. Em 1987 ela criou a famosa Proposta Triangular que consiste em três abordagens para se construir conhecimentos em arte:
- Contextualização histórica: conhecer a história
- Fazer artístico: conhecer e fazer arte
- Apreciação artística: saber ler uma obra de arte
A educadora brasileira foi curadora de grandes exposições artísticas, além de palestrante em diversos países e também lecionou em universidades americanas e inglesas.
Ana Mae Barbosa recebeu o título de doutora honoris causa pela UFPB - Universidade Federal da Paraíba e foi considerada Ícone da Educação pelo Instituto Europeu de Design. Atualmente, ela é professora titular aposentada da USP - Universidade de São Paulo.
Marie Curie (1867-1934), cientista polonesa, se formou em Matemática e Física, na Universidade de Sorbonne (França). Junto com Pierre Curie,seu marido, foram responsáveis pela descoberta dos elementos químicos Polônio (em homenagem ao seu país de nascença) e Rádio. A partir disso, iniciaram-se as inúmeras pesquisas sobre Radioatividade.
Em 1903, ganhou o Prêmio Nobel de Física e, oito anos depois, o de Química. Além de ter sido a primeira mulher a ganhar o Nobel, também foi a primeira pessoa que o recebeu duas vezes.
Desde os 18 anos que Marie também atuava como professora, chegando a lecionar em uma instituição considerada ilegal porque desafiava as políticas de repressão que foram impostas na época pelo Império Russo, e a principal delas era de que as mulheres eram proibidas de estudar.
Sabemos que a luta pelos direitos iguais entre homens e mulheres ainda durará por muitos anos e, infelizmente, há muito o que se fazer. Mas é importante ter em mente e dentro das salas de aula, onde formam-se os cidadãos da nossa sociedade, de que esses ensinamentos estejam sempre presentes, não somente nas datas comemorativas.
Abordar a importância do Dia Internacional da Mulher como um fato histórico e que perdurará por anos pode ser uma maneira muito interessante de montar grupos de debates, trabalhos em grupo para que falem sobre personalidades femininas, como as citadas aqui neste artigo, e seus grandiosos feitos para transformarem a educação.