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Gestão

O dilema da Educação Infantil

Quais são os fatores predominantes que explicam esse peso tão grande das escolas só de Educação Infantil no mercado? As pesquisas feitas pela Corus ajudam a obter essa resposta.

Publicado em
16/4/2024
08 min
Escrito por:
Marina Camargo e Fernando Barão, sócios da Corus Consultores.
💡 Dica: se a palavra estiver azul, ela é clicável e te leva ao link com mais detalhes!

Há cerca de 20 anos escutamos sobre a tendência de consolidação do mercado do ensino privado. O tempo vai passando e, vez por outra, recebemos a notícia de que houve a compra de uma escola por um grupo educacional. Esses momentos parecem confirmar aquela tendência. Na verdade, contudo, são a exceção que confirma a regra: o mercado vem se consolidando tão devagar que conseguimos contar nos dedos o número de aquisições que acontecem a cada ano – isso em um mercado que tem quase 5.000 escolas particulares só na cidade de São Paulo.

Com a pandemia, outra tendência que apareceu no horizonte foi a da consolidação das escolas de Educação Infantil. Afinal, foram elas as mais penalizadas pela crise sanitária, pois o ensino à distância não se encaixou bem para essa faixa etária.

As dificuldades vividas pelas escolas que só têm Educação Infantil foram e ainda são imensas. Muitas tiveram de fechar suas portas por problemas financeiros. Com isso, era mesmo de se supor que o número de escolas desse segmento fosse diminuir.

Mas não é que também essa tendência não tem se confirmado? Sim, escolas têm fechado, mas outras têm sido abertas, e com uma velocidade maior do que a do fechamento. É só olhar os números: em 2023 havia 8% a mais de escolas só de Educação Infantil na cidade de São Paulo do que havia em 2018. E essas escolas tinham um número total de alunos também 8% mais alto na comparação dos mesmos períodos. Ou seja: o número médio de alunos por escola desse tipo ficou estável – no caso, em 115.

O mais importante: a pulverização do mercado de Educação infantil segue sendo uma realidade, mesmo após a pandemia (e após, vale dizer, tudo o que aconteceu com a entrada do Grupo Vitamina).

As escolas que oferecem mais cursos chegaram a sonhar com a captação dos alunos que ficaram sem escola. Mas isso não aconteceu. Captar alunos na Educação Infantil continua tão difícil quanto antes.

A redução do número de filhos por mulher representou um fator importantíssimo na queda da demanda por vagas na Educação infantil. No entanto, já há algum tempo não dá mais para colocar a culpa nesse fator demográfico. Isso porque ele praticamente já se estabilizou – ou seja, o estrago já está feito: a demanda por Educação Infantil não deve diminuir mais do que já diminuiu. Os números mostram até uma tendência contrária: o total de alunos matriculados no curso de Educação Infantil em todas as escolas de ensino privado na cidade de São Paulo cresceu 4% na comparação entre 2018 e 2023.

Mas se a demanda não vem diminuindo e não deve voltar a diminuir num horizonte próximo, por que as escolas relatam tanta dificuldade de captação de alunos na Educação Infantil?

Existem várias respostas possíveis para essa pergunta, mas uma se destaca demais nas análises de mercado feitas pela Corus: a concentração de alunos desse curso em escolas que o oferecem de forma exclusiva.

Em 2018, 79% dos alunos matriculados no curso de Educação Infantil estavam em escolas só de Infantil. Já era um dado impressionante. Como se isso não fosse suficiente, em 2023 esse número aumentou ainda mais, chegando a inacreditáveis 82%.

Isso mesmo: 8 em cada 10 alunos de Educação Infantil estudam em escolas que só têm esse curso. O restante das escolas disputa os demais 20%.

Esse entendimento sobre como está disposto o mercado é fundamental para o estabelecimento de um planejamento estratégico de sucesso de cada escola.

Seria o caso, talvez, de fechar a Educação Infantil e ficar só com Fundamental e Médio, deixando os alunos pequenos somente para as escolas pequenas?

Do ponto de vista financeiro de curto prazo, essa decisão nem teria muito impacto, pois o Infantil é o curso que menos entrega resultado nas escolas. Preços mais baixos, bolsas mais altas e menor número de alunos por classe ajudam a entender isso.

O problema, porém, não é o curto, e sim o longo prazo! As escolas precisam de uma Educação Infantil de peso para suprir o fornecimento de alunos para os cursos subsequentes. Sem o Infantil, a dependência de captação externa para o 1º ano do Fundamental se tornaria gigantesca. A tendência seria a escola ir sofrendo um esvaziamento gradual desses outros cursos. E esse é um risco que escola nenhuma deve correr.

Fica claro, assim, que mesmo as escolas médias e grandes precisam oferecer, por questão estratégica, uma Educação Infantil de qualidade. Mas os números mostram quem são os seus principais concorrentes nesse curso: as escolas de pequeno porte, que atendem somente os alunos pequenos.

Essas escolas de menor porte têm uma influência individual muito pequena sobre seu mercado; coletivamente, porém, essa influência é maiúscula. Isso não pode, de forma alguma, ser ignorado no trabalho estratégico de qualquer escola.

Quais são os fatores predominantes que explicam esse peso tão grande das escolas só de Educação Infantil no mercado? As pesquisas feitas pela Corus ajudam a obter essa resposta.

Antes de mais nada, é importante ter em mente que as expectativas dos pais vão mudando na medida em que os filhos crescem. Assim, pais das faixas etárias mais baixas têm expectativas muito próprias.

São 3 os elementos principais para essa configuração de mercado: 1) preço; 2) espaços com “cara” de Educação Infantil; 3) exclusividade do espaço para uso de crianças pequenas.

Não vale aqui discorrer muito sobre a questão do preço. Escolas menores sempre terão condições de oferecer preços mais baixos do que escolas maiores, pois o peso de sua estrutura física é menor. Não é na via do preço que as escolas de maior porte poderão competir.

O “x” da questão está nos outros dois fatores.

Pais de alunos dessa faixa etária dão muito valor à existência de área livre, de área descoberta, de parques de areia, de brinquedões e de área verde. Essas demandas vão diminuindo e sendo substituídas por outras quando o aluno fica mais velho.

Pais de alunos dessa faixa etária têm uma preocupação imensa com a convivência, no mesmo espaço, de seus filhos com alunos mais velhos. Ter um espaço exclusivo para o Infantil, portanto, tem um peso enorme na decisão da família.

É fato que as escolas têm reinvestido cada vez mais os seus lucros, por conta da maior concorrência que se pode observar no mercado. Também é fato que uma parte significativa desses investimentos tem sido direcionado para a Educação Infantil. E não é à toa: as escolas vêm percebendo cada vez mais a necessidade de compor uma base própria forte para alimentar os demais cursos oferecidos.

E como as escolas têm feito isso? Quais são as decisões que mais têm propiciado esses investimentos?

São precisamente esses dois fatores: as escolas têm investido na adaptação do seu espaço de Educação Infantil para que ele fique cada vez mais com a “cara” desse curso – mais espaço, mais acolhimento, menos cimento; e têm investido em ampliações que permitam que o Infantil tenha seu espaço exclusivo. Essa é uma estratégia onerosa para o custo, mas que costuma dar resultado no longo prazo, em termos de evolução do número de alunos.

Caso sua escola não tenha oportunidades reais de expansão nesse sentido, pensar em reformas internas que permitam uma separação maior dos alunos pequenos é sempre bem-vindo. Assim como, da mesma forma, pensar em horários diferenciados de entrada, recreio e saída; e, quem sabe, na utilização de espaços específicos para a entrada e a saída dos alunos.

Eis o grande dilema da Educação Infantil: é o curso menos rentável, mas o que mais tem recebido investimento nas escolas. As razões são claras.

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escrito por
Marina Camargo e Fernando Barão, sócios da Corus Consultores.
Corus Consultores é uma empresa de especializada na gestão de escolas particulares que atua no mercado desde 1988, atendendo centenas de instituições que buscam soluções para esse tipo de desafio. O grande diferencial da Corus está na metodologia utilizada para isso. O pleno entendimento dos elementos que compõem a gestão escolar, combinado com análises profundas e personalizadas feitas em conjunto com gestores, garantem a maximização dos resultados, do ponto de vista empresarial. A tradição e ampla experiência no mercado educacional garantem uma consultoria de qualidade, baseada na experiência com casos de sucesso e prevenção de problemas, buscando, assim, os melhores caminhos para a melhoria dos resultados.