Com a volta às aulas presenciais é importante que as escolas se preparem para receber os profissionais nesse momento
Com a volta às aulas presenciais cada vez mais próxima, devido ao avanço significativo da vacinação contra a Covid-19 entre adultos e crianças, é muito importante que dentro do planejamento das ações escolares, as instituições de ensino tenham um plano de acolhimento especial para os professores que regressam em breve.
Ainda vivemos em um cenário rodeado de incertezas e os profissionais da educação precisam encontrar apoio para que possam se sentir seguros na retomada das suas atividades. Desta forma, os professores podem focar no que realmente importa: educar!
“Cuidar de quem cuida! Essa máxima merece ser levada em consideração na volta às aulas. Em tempo de pandemia, todos, alunos, famílias e educadores, estão sob situações diversas de estresse. Muitas escolas se preocupam em ter um plano com os estudantes, o que é evidentemente necessário, mas, infelizmente, não articulam a preparação dos que vão fazer esse acolhimento: os professores”, explica Luis Antonio Laurelli, Diretor Educacional do isaac.
Quando o corpo docente é bem acolhido pela direção, coordenação e orientação no retorno às atividades escolares, refletem esse amparo diretamente aos alunos.
O atual momento pandêmico, coloca a todos em situações de fragilidades, portanto, um plano geral de acolhimento bem estruturado nas instituições de ensino, torna-se uma ação fundamental em todas as instâncias.
Recomenda-se que o plano de acolhimento aos professores seja feito junto a um profissional especializado em saúde mental, como terapeutas, psicólogos ou psicanalistas.
Por meio da escuta ativa, tais profissionais podem auxiliar as escolas para que, ao seu modo, criem grupos que sejam importantes e que facilitem esse processo, como grupos de discussão sobre algum procedimento em específico ou algum tema que possa ser compartilhado pela comunidade escolar.
“Desse modo, será possível oferecer boas condições para o retorno escolar de todos, e também detectar situações e casos específicos que precisam de apoios particularizados”, comenta o Diretor Educacional.
Segundo Laurelli, o ideal é que esse plano e o próprio trabalho sejam realizados no período que antecede à chegada das crianças e adolescentes nas escolas. Ao mesmo tempo que será imprescindível um acompanhamento sistemático, porque podem emergir situações de difícil discussão para o professor.
“A intervenção conjunta entre direção-coordenação e profissionais de saúde mental pode ser bem-vinda para a criação de uma rede de acolhimento. Além de ser um aprendizado para os educadores, mesmo para aquelas escolas que já possuem em seu quadro a função do psicólogo, essa equipe poderá fazer parte do dia a dia por meio da ação do professor”, complementa.
É interessante que sejam criados espaços com rodas de conversa em um ambiente que transmita uma atmosfera aconchegante e confortável, além de profissionais preparados para o acolhimento inicial.
Por exemplo, práticas como yoga, meditação e mindfulness (ato de se concentrar completamente no presente) são recomendadas para que os professores sintam-se mais relaxados e imersos no momento.
“Essas redes de apoio podem ser criadas entre escolas e, diante desta possibilidade, a troca de experiências ajudará profundamente na compreensão de cada fato. Caso as trocas entre instituições escolares se estabeleçam, elas devem estar sob a júdice da ética profissional, sem exposição de alunos e profissionais, de acordo com E.C.A.”, pontua Laurelli.
O cenário é muito novo e estamos vivendo circunstâncias que nunca foram vividas pelos profissionais de educação, portanto, o estudo e aprofundamento para lidar com a situação devem ser feitos rigorosamente por profissionais especializados.
“Os professores não podem ser lançados a resolver questões que poderão levar muito tempo para serem tratadas num nível de profundidade relevante”, ponto de atenção levantado por Luis Laurelli sobre como as escolas podem transmitir mais confiança para que o corpo docente sinta-se à vontade em compartilhar sobre seus medos, problemas, o que esperam desse momento de incertezas etc.
Manter a boa saúde mental é muito importante, ainda mais nesse momento de incerteza. Como a escola trabalha no coletivo, detectado qualquer problema maior e que necessite de intervenção particular, a IE deve estar pautada na ética em atender de modo particularizado o sujeito envolvido, seja ele um aluno, um professor ou outro colaborador.
“Será muito bem-vinda a formação de um grupo de acolhimento permanente, de modo a acolher e encaminhar as situações ao longo do ano. Vale lembrar que a ação educativa tem limites e, para o bom andamento das aprendizagens, ações de encaminhamentos para profissionais especializados devem ser utilizadas”, conclui Laurelli.
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