Confira sugestões práticas para os alunos colocarem a “mão na massa”, serem protagonistas do próprio aprendizado e estabelecerem conexões durante esse processo
Já parou para observar que quando os alunos e alunas têm a oportunidade de realmente colocar “a mão na massa” em algum projeto da escola, o envolvimento geralmente é muito mais intenso e genuíno?
Ao permitir que os estudantes assumam esse processo, tornando-os protagonistas do próprio aprendizado, eles costumam se envolver verdadeiramente para resolver os problemas, alcançar resultados e superar os desafios.
Esses são alguns dos benefícios em levar atividades de cultura maker para aplicar em sala de aula. A partir das propostas apresentadas pelos professores, crianças e adolescentes têm a chance de compreender melhor a importância de trabalhar em equipe.
Afinal, para chegar a um resultado satisfatório, eles precisarão estudar, pesquisar, construir e interagir juntos, sendo que muitas vezes irão falhar e será necessário testar novamente. Uma oportunidade ímpar para entender a necessidade de ser resiliente.
Durante essa jornada, compreender os erros como uma parte natural da busca pelo conhecimento é um dos maiores aprendizados, o que está até mesmo preconizado na BNCC - Base Nacional Comum Curricular, que incentiva o desenvolvimento de competências socioemocionais.
E a mentalidade maker proporciona exatamente isso: a possibilidade de os alunos lidarem com as emoções, buscando a empatia e a tomada responsável de decisões.
Antes de tudo, é preciso ter em mente que um espaço maker dentro da instituição de ensino não significa investir em tecnologia. Computadores, programação, circuitos elétricos e eletrônicos e robôs realmente são muito interessantes. E, como você mesmo já sabe, também demandam um alto valor monetário.
É preciso desmistificar esse tipo de pensamento e entender que palitos de picolé, fita adesiva e caixa de papelão também são maravilhosas ferramentas para um projeto maker.
Um exemplo significativo disso é a educadora Débora Garofalo, que é a primeira mulher brasileira e primeira sul-americana a ser finalista no Global Teacher Prize, considerado o Nobel da educação, e uma das dez melhores professoras do mundo.
Entusiasta da educação, Débora notou que os alunos estavam com uma demanda relacionada ao lixo, e criou o projeto Robótica com Sucata. A partir da coleta de materiais reciclados, a professora envolveu diversos meninos e meninas de uma comunidade da cidade de São Paulo (SP), no ensino de programação e robótica.
Iniciativas como a de Débora evidenciam que, a partir de objetos que facilmente seriam descartados, é possível, sim, reaproveitá-los e transformá-los em tecnologias para a aprendizagem, por meio da cultura maker.
Para que você possa se inspirar e levar esse conceito para o dia a dia escolar, separamos 4 dicas práticas. Confira:
Sabe aquelas máquinas, ou dispositivos, que funcionam sem eletricidade? Esses mecanismos também recebem o nome de autômatos e, um exemplo bem conhecido disso, é o relógio de corda.
Para essa proposta, a ideia é utilizar materiais de prototipagem, como cola quente e componentes de eletrônica para realizar as produções. O educador pode convidar os estudantes para se dividirem em equipes e, então, propor temas para que os grupos desenvolvam autômatos relacionados ao assunto estabelecido.
Lembra que a mentalidade maker é incentivar os alunos a colocarem a mão na massa? Então, planeje transformar a sala de aula em uma marcenaria, mesmo que seja apenas por algumas horas. Convide as crianças e adolescentes a atuarem como carpinteiros e deixe a mágica acontecer.
Repare que por meio da ludicidade e da diversão, os estudantes vão aprender diversos conceitos de física e matemática. Além de estabelecer essas conexões, instigue-os a construir móveis, utensílios práticos e uma variedade de outros materiais que podem ser incorporados na rotina da escola.
Já para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental, uma boa alternativa é apostar em materiais já pré-fabricados para que, a partir deles, as crianças consigam criar objetos.
A atividade é ainda uma ótima aliada para trabalhar alguns pontos essenciais para o pleno desenvolvimento infantil, como a espacialidade e a coordenação motora.
Ao pensar em cultura maker, você também é do time que sempre imagina robôs, programações e computadores? Como esse ponto de vista ainda é bastante forte na sociedade, nem todo mundo sabe que a criação de produtos ecológicos também é uma atividade maker.
Um ponto super positivo é que essa é uma forma criativa para abordar a temática da sustentabilidade dentro das salas de aula. Para isso, planeje implantar em um dos ambientes da escola um ateliê de criação artística.
Nesse espaço, a dica é investir na fabricação de roupas, acessórios e utensílios domésticos. Porém, todas as invenções devem ser feitas a partir do uso de materiais recicláveis ou, então, do reaproveitamento de itens que já não tinham mais serventia.
A coleta dos objetos que serão utilizados em aula pode ser feita na própria instituição de ensino. Essa também é uma oportunidade perfeita para envolver a família. Com antecedência, comunique pais e mães sobre a atividade que será desenvolvida e informe quais peças cada aluno deve trazer de casa, estimulando o dia de entrega.
Outra alternativa, ainda, é utilizar a disciplina de química, com os alunos do ensino médio, por exemplo, para criar produtos de limpeza biodegradáveis. Antes, incentive os alunos a pesquisarem itens biodegradáveis que podem ser usados nesta experiência.
A atividade fica ainda mais envolvente se o produto final passar a fazer parte da lista dos itens de limpeza utilizados para promover a limpeza da escola. Ou, ainda, já pensou que orgulho os estudantes vão sentir se puderem vender a própria criação e fazer uma caixinha com o dinheiro que arrecadarem?
A verba pode auxiliar na compra dos materiais que serão necessários para a realização de uma futura proposta pedagógica ou, até mesmo, para ajudar na festa de formatura dos alunos.
A obesidade infantil afeta mais de 3 milhões de crianças menores de 10 anos no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. As instituições de ensino, tanto públicas quanto privadas, podem se engajar cada vez mais nessa questão e estimular nos alunos o hábito da alimentação saudável.
E nada melhor do que realmente permitir que as crianças participem ativamente desse processo, não é mesmo? Já imaginou como é rica a oportunidade de os estudantes colherem algum alimento que está no prato na hora do almoço ou irá compor o cardápio do lanche da tarde?
Mais do que proporcionar refeições equilibradas, criar uma horta comunitária na escola é uma proposta maker que possibilita desenvolver diversos temas para serem abordados nas aulas.
Por meio da interdisciplinaridade, além de abordar sobre a alimentação, os professores podem trabalhar matemática, com questões que envolvam o tempo de plantio e colheita; na disciplina de português dá para propor a produção de textos sobre os benefícios do consumo de frutas e legumes; em geografia é possível explicar quais verduras são típicas em cada região, etc.
O primeiro passo para colocar essa iniciativa em prática é escolher um local na escola que seja apropriado, com luz do sol direta, principalmente no período da manhã. Lembre-se de verificar se há água disponível e de fácil acesso para fazer a irrigação.
Depois, para construir a horta, vale a pena dividir a turma em pequenos grupos e deixar cada equipe responsável por uma espécie que será plantada. Convidar um jardineiro para explicar sobre a preparação do solo, tipos de adubos e cuidados pode enriquecer ainda mais esse momento.
Agora você já conhece algumas dicas para colocar a cultura maker em prática na sala de aula, certo? Porém, você tem algumas dúvidas sobre como aplicar esses conceitos na própria escola? Está sentindo a necessidade de compreender um pouco mais os benefícios para conversar com a equipe pedagógica? Então, confira esse artigo que separamos para você.