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Instabilidade econômica e seu impacto na Educação brasileira

No pós-pandemia, o saldo para a Educação brasileira foi deficitário. Economia e Educação se retroalimentam e este é um conceito que não pode ser esquecido

Publicado em
22/7/2024
06 min
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Nos últimos anos, o lockdown imposto pela pandemia gerou crises na Educação pelo mundo, que se agravaram pelo impacto da inseguridade econômica. Por aqui, não foi diferente e o ranking do Brasil na Educação caiu. 

É sabido que um país com economia forte, em geral, tem bons índices educacionais. E o PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes realizado pela OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a cada triênio, aponta didaticamente esta realidade. 

A última edição do programa divulgada, de 2018 - a mais recente aplicação do exame foi realizada em 2022, mas ainda não teve o resultado oficialmente comunicado -, ranqueou 79 países. A China (avaliada em cinco províncias) foi a nação mais bem colocada nas três disciplinas: ciências, leitura e matemática, em provas aplicadas aos alunos com 15 anos.

Entre os dez mais bem sucedidos estão ainda Estônia, Japão, Canadá, Finlândia e Singapura. Todos conhecidos por eleger a Educação como prioridade. Mas o Brasil teve um parco desempenho, ficando na 66ª colocação. 

Outro “termômetro” da influência da qualidade educacional é o ranking anual de competitividade do IMD - International Institute for Management Development - com entrevistas de CEOs, empresários e investidores em 63 países. Em 2022, o Brasil apareceu na 59ª posição e em uma das rubricas - relativa à Educação de crianças e adolescentes e à formação profissional – ocupou a última posição.

Ainda segundo o levantamento do IMD, o país pecou pela não-universalização da Educação: a taxa de matrículas para o ensino médio foi 23,8% abaixo do índice mundial; enquanto pessoas entre 25 e 34 anos tiveram 22,2% menos chance de chegar à Universidade, se comparadas à média global.

Se é verdade que a Educação impacta na riqueza de um país, onde a forma mais simples de constatação é o valor do PIB (Produto Interno Bruto), o contrário também é verdadeiro. E a piora na economia impacta diretamente (e ainda mais) no investimento público na Educação, bem como na capacidade das famílias gerirem seus custos, no caso de escolas particulares. Mas vamos olhar isso tudo com mais cuidado.

Evasão, ato 1

Num contexto corriqueiro, já é esperado que quanto mais rico social, cultural e economicamente um estudante for, mais fácil é o acesso à Educação e melhor tende a ser seu desempenho. Neste grupo mais abastado, entre adolescentes, um em cada 25 alunos acredita que talvez não conclua o ensino superior. Na outra ponta, para alunos de até 15 anos, a realidade se impõe: um em cada 10 estudantes pobres acenam que possivelmente não concluirão seus estudos.

Em 15 de setembro de 2022, no “pós-pandemia” (ou ao menos na fase mais branda dela), o UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância - publicava um comunicado de imprensa. O texto, com dados de uma pesquisa realizada pelo Ipec (ex-Ibope), indica que 2 milhões de adolescentes de 11 a 19 anos, que ainda não haviam terminado a educação básica, deixaram a escola no Brasil.

O montante refere-se a 11% dos alunos matriculados na rede pública do país. Nas classes mais ricas – AB -, o percentual é de 4%, enquanto, entre os mais pobres - classes DE -, a fatia chega a 17%. Entre os estudantes que deixaram de frequentar a escola, 48% afirma que a necessidade de “trabalhar fora” é o principal motivo do abandono.

Na sequência, estão as dificuldades de aprendizagem (30%); a não-retomada das atividades presenciais (29%) e o cuidados para com os familiares (28%). Em menor grau, outros motivos apresentados são falta de transporte (18%), gravidez (14%), desafios por ter alguma deficiência (9%) e racismo (6%), entre outros. 

Evasão, ato 2

Mas tal cenário não é, atualmente, uma exclusividade da rede pública de ensino. O Censo Escolar 2021, do Ministério da Educação, apontou que o número de estudantes matriculados em escolas particulares no Brasil caiu cerca de 10%, ou seja, quase um milhão de alunos deixaram a rede privada entre 2019 e 2021. No mesmo período, a rede pública apresentou redução de apenas 0,5%. 

Em uma matéria da BBC, Fausto Augusto Junior, diretor-técnico do DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, aponta a que "o empobrecimento das famílias, principalmente neste caso o da classe média, impacta diretamente nos diversos tipos de serviço e quando se trata de Educação isso é bastante significativo".

A crise econômica, agravada pela pandemia, elevou o custo de vida e, consequentemente, as mensalidades. O que gerou o êxodo acima citado. Desemprego e inflação alimentam o empobrecimento e, consequentemente, a busca por alternativas que se encaixem aos novos orçamentos domésticos. 

Novos pobres

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) baseado em dados disponibilizados pela PNADC - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, chamado o “Mapa da Nova Pobreza”, indicou que a pobreza aumentou durante a pandemia. 

Entre 2019 e 2021, 9,6 milhões de pessoas tiveram sua renda comprometida e ingressaram na chamada “situação de pobreza”. Em 2021, 68,2 milhões de brasileiros viveram com renda domiciliar per capita de até R$ 497. O número corresponde a quase 30% da população do país. A título de comparação, o total de pobres no país é superior à população da França (67,75 milhões em 2021). O Maranhão é o estado com maior índice: são 57,9% de pessoas pobres na unidade federativa.

Se há pobreza, há fome. Cerca de 36% da população brasileira teve alguma dificuldade de alimentar a si e a seus familiares entre setembro de 2021 e o mesmo mês de 2022. Com esse quadro, não é de se espantar que o empobrecimento tenha batido às portas da classe média e afetado áreas prioritárias como o investimento doméstico revertido para a educação de crianças e jovens. 

Segundo informa o SIEEESP - Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, a taxa de inadimplentes na capital paulista saltou de 6,37%, no início de 2020, para 21,34%, no mês de maio. Tal taxa impactou diretamente as instituições de ensino privadas. No mesmo ano, uma pesquisa executada pelo Escolas Exponenciais indicava que entre as famílias que cogitavam a mudança de escola, uma em cada dez atribuía a ação às dificuldades financeiras.

Via de mão dupla

Sim, a gente já disse, mas não custa repetir. Educação e economia andam juntas e se retroalimentam. Um país sem Educação tem mais dificuldades para manter uma economia forte e vencer os abismos sociais. E sem investimento, derivado da economia, o acesso à Educação é prejudicado, bem como os estados com populações mais carentes. O que reforça o ciclo de pobreza.

Aliás, você sabe como é feito o financiamento da Educação Pública no país? Ele funciona através da vinculação e subvinculação de recursos, ou seja, depende da arrecadação de taxas e impostos indiretos, como o ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) e o ISS (Imposto Sobre Serviços).

E se você pensou: hum, mas então se a economia está mais forte e o poder de compra aumenta, isso implica em mais verba disponível? Em tese, sim. Porque esses impostos incidem sobre ações cotidianas para pessoas físicas e/ou jurídicas. Todavia, a flutuação na arrecadação torna os recursos vulneráveis, especialmente em momentos de crise.

Como resolver?

É um quadro complexo, que demanda planejamento governamental e ação social para a melhora das condições econômicas e educacionais. Mas se você é gestor de uma escola particular, pode mitigar as perdas.

Um dos caminhos é trazendo conteúdos mais modernos e atualizados para a sala de aula, tornando o processo de ensino e aprendizagem mais significativos. O isaac, inclusive, trata desta questão aqui: Os impactos da economia brasileira na Educação básica.

Outro aspecto que deve ser olhado é quanto à construção de um laço de confiança com as famílias. Este é um quesito fundamental para fidelizar ou atrair novos alunos e determina a melhora do cenário desafiador vivenciado na pandemia, além de promover impactos mais suaves na educação básica.

O isaac, a maior plataforma de soluções financeiras feita para escolas particulares do Brasil, ajuda a simplificar o relacionamento entre instituições de ensino e os responsáveis financeiros dos alunos. Assim, a burocracia é diminuída e há uma garantia de receita para a escola. O resultado é menos evasão e mais tempo para a gestão focar no aprendizado.

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