O educador e filósofo brasileiro faria 103 anos em 2023, e até hoje é um dos maiores nomes da defesa e fortalecimento das causas educacionais
É com uma das frases mais icônicas do grande educador e filósofo brasileiro, Paulo Freire (1921 - 1997), que começamos esse post em sua homenagem. O pernambucano, nascido na capital do estado, em Recife, completaria 103 anos no dia 19 de setembro de 2023.
Freire é considerado o Patrono da Educação Brasileira por reconhecimento ao mérito de sua obra e inúmeras contribuições para a educação e alfabetização no Brasil, e até mesmo no mundo. Foi o precursor de um método de ensino inovador, onde acreditava que a educação era uma das principais ferramentas para a transformação da sociedade.
Produzimos um conteúdo bem legal sobre os métodos de educação e alfabetização utilizados por Paulo Freire, e vamos te contar mais um pouco sobre quem foi um dos maiores nomes para a defesa e fortalecimento das causas educacionais.
Paulo Reglus Neves Freire, ou apenas Paulo Freire, teve sua primeira formação na área da advocacia, em 1943, pela Faculdade de Direito de Recife, mas preferiu migrar para ensinar e defender outros direitos: os educacionais. Acompanhe abaixo quais os seus melhores feitos para a alfabetização e educação brasileira:
1947: Tornou-se diretor do Departamento de Educação e Cultura no SESI (Serviço Social da Indústria), onde deu início a um processo de alfabetização de jovens e adultos carentes e trabalhadores da indústria.
1959: Passou no processo seletivo na cátedra de História e Filosofia, na Escola de Belas Artes da Universidade de Recife, onde apresentou a tese Educação e Atualidade Brasileira.
1961: Como diretor do Departamento de Extensões Culturais, da Universidade de Recife, comandou um time de professores na criação de uma escola em Angico, no Rio Grande do Norte, pequeno vilarejo com grande taxa de analfabetos. Lá começou a realizar as primeiras táticas de alfabetização com adultos, em que mais de 300 pessoas foram alfabetizadas em 45 dias de estudo - todos os alunos eram trabalhadores de canaviais locais.
1988 e 1991: Foi professor na PUC de São Paulo e na Unicamp, e assumiu o cargo de secretário da educação do município de São Paulo.
Além disso, o escritor também lecionou Filosofia da educação na Universidade de Recife e professor de língua portuguesa no Colégio Oswaldo Cruz.
Durante toda a sua carreira Paulo Freire buscou ao máximo intensificar a educação como a base para criar uma sociedade mais justa e igualitária, e concentrou-se em desenvolver metodologias pedagógicas que elevassem o setor educacional de forma geral, sendo aplicável e acessível para toda a população, como um ato solidário e coletivo.
O educador defendia que o ensino deveria partir do universo de cada grupo de analfabetos e sendo apresentado de encontro às necessidades reais de cada indivíduo, como seu dia a dia, seu estilo de vida, seu gosto etc., deixando de lado o material engessado como método único e com didático padronizado.
O princípio da metodologia freireana era de que os professores deveriam saber quais as palavras e as questões mais importantes presentes na vida e no cotidiano dos alunos. Essa análise deveria ser feita antes do processo de alfabetização, para que então o plano de ensino começasse a ser estruturado e aplicável visando os objetivos particulares do grupo.
Com esse processo, os estudantes sentiriam-se mais motivados, unificados e abertos à alfabetização, pois os professores estariam se comunicando na mesma linguagem utilizada em seu universo vocabular. Ao se sentirem mais representados, consequentemente se inspirariam mais, o que levaria a rapidez do aprendizado de qualidade.
O educador previa a educação como uma troca, onde professores e alunos dialogavam e o aprendizado se criava com base nas necessidades diárias reais dos estudantes. Deixando de lado a visão tradicional da educação, onde apenas acontece uma transferência de conhecimento, em que o professor é o único que possui a sabedoria, e o aluno é apenas aquele que recebe a lição.
Essas primeiras experiências de Freire aconteceram em Recife, no começo dos anos 60, dentro do Movimento de Cultura Popular. Mais tarde, em 1963, o professor decidiu levar seus métodos para outros estados brasileiros: primeiro no Rio Grande do Norte (Angicos e Natal), depois em São Paulo (Osasco) e depois no Distrito Federal (Brasília).
A partir do sistema desenvolvido em Angicos, focado em adultos analfabetos, Freire combinou conhecimento dos campos da comunicação e da psicologia de forma didática para alcançar o maior número de pessoas possível. Colocando em prática pela primeira vez em larga escala o seu método freireano, onde foi capaz de alfabetizar 300 trabalhadores analfabetos adultos em apenas 45 dias.
Após isso, diversos cursos de formação de coordenadores de alfabetização aconteceram nas capitais de outros estados. O objetivo era instalar cerca de 20 mil centros de cultura, o suficiente para formar 2 milhões de alunos por ano. Porém, esse plano não aconteceu, pois em 1964 instaurou-se a ditadura militar no país.
Esse projeto freireano entrou para a história como um marco evolutivo de extrema importância na alfabetização e educação, não só para o Brasil, mas também como referência mundial.
Atualmente, o Método Paulo Freire, como é conhecido por muitos ao redor do mundo, é utilizado na integração de refugiados na Alemanha, sendo especialmente empregado no ensino do alemão para integração de estrangeiros.
O educador foi agraciado com cerca de 48 títulos, entre doutorados honoris causa e outras honrarias de universidades e organizações mundialmente. É considerado o brasileiro com mais títulos de doutorados honoris causa.
Estabelecida em 2012, a lei brasileira número 12.612, define Paulo Freire como o Patrono da Educação Brasileira, sendo um reconhecimento de todo o trabalho desenvolvido pelo educador ao longo da vida.
Preso e exilado no início da ditadura militar nos anos 60, o pedagogo ficou fora do Brasil por 15 anos. Durante esse período deu palestras e aulas em diversos países, e atuou junto a governos e movimentos sociais em prol da educação. Ainda em vida, foi considerado como uma referência no campo da educação.
O Instituto Paulo Freire foi criado pelo próprio pedagogo em 12 de abril de 1991, vindo a se tornar uma Fundação oficial em setembro de 1992.
Desde a sua criação, o centro educacional tem como missão educar para transformar. O desejo de seu fundador era de reunir, tanto educadores entusiastas do seu método pedagógico, como pessoas que acreditam que a educação tem o potencial social transformador.
Atualmente, o instituto conta com membros em mais de 90 países que ajudam a manter viva e espalhar a palavra e os ensinamentos de Freire, dando continuidade ao seu legado de forma acessível.
Deveríamos ler o mundo educacional como queria Paulo Freire, quem sabe assim a educação brasileira estaria em outro patamar e tendo a devida importância, sendo considerada essencial e para todos!
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