O psicólogo Rodney Costa destaca a importância do acolhimento aos educadores e como promover um ambiente de trabalho que favoreça a saúde mental
Ser professor é uma das profissões mais nobres e desafiadoras que existem. No entanto, essa carreira também pode ser extremamente desgastante, impactando significativamente a saúde mental dos educadores.
Neste artigo, vamos explorar a importância do acolhimento aos professores, os desafios que eles enfrentam e como promover um ambiente de trabalho que favoreça a saúde mental, com insights valiosos do psicólogo e professor da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), Rodney Costa.
Em 2018, o Departamento de Perícia Médica do Estado de São Paulo registrou um número alarmante: 53.162 licenças concedidas a professores da rede pública de ensino devido a problemas de saúde mental.
O número representa 40% do total de afastamentos de professores do trabalho naquele ano. Infelizmente, a percepção geral é de que a situação só regrediu desde então.
Rodney Costa, psicólogo e professor da Univap, liderou uma pesquisa em colaboração com a Universidade de São Paulo (USP) para investigar a incidência de ansiedade, depressão e estresse entre os educadores professores após o período de pandemia da Covid-19.
Embora os dados ainda estejam sendo analisados, a hipótese é de que houve um aumento significativo nesses problemas de saúde mental.
1. Sobrecarga de trabalho: Professores muitas vezes enfrentam uma carga horária extensa e demandas significativas de planejamento e correção.
2. Falta de autonomia: A falta de controle sobre as decisões relacionadas ao ensino pode ser desgastante. É importante que os professores possam atuar para além das salas de aula, contribuindo para tomadas de decisão que envolvem todo o ambiente escolar.
3. Ordens conflitantes: Receber instruções contraditórias ou confusas pode criar estresse. Por isso, é indispensável manter o diálogo aberto para novas mudanças e adaptações.
4. Dificuldade no gerenciamento de pessoas: Lidar com alunos problemáticos ou pais insatisfeitos pode ser desafiador. E nesse caso, a conversa é sempre o melhor caminho. Reuniões constantes com pais e responsáveis é uma das alternativas para minimizar e resolver possíveis impasses.
5. Não valorização social do trabalho: Professores frequentemente não recebem o reconhecimento que merecem. Para reverter esse cenário, é dever das instituições trazer avaliações de desempenho e programas para valorização do corpo docente.
6. Medo de demissões em massa: A insegurança no emprego pode criar ansiedade. Por isso, criar fóruns para orientações e dúvidas é um dos caminhos para amenizar preocupações e aflições. Além de reforçar a transparência da instituição de ensino.
7. Precariedade do espaço físico: Ambientes de trabalho inadequados podem afetar negativamente o estado mental.
8. Cobrança incessante por resultados: A pressão por melhorias constantes no desempenho pode ser opressiva. É essencial manter as expectativas alinhadas entre professor e escola.
9. Violência no ambiente de trabalho: Professores podem ser vítimas de violência física, verbal ou emocional no trabalho.
O esgotamento mental, ou burnout, é um risco real para os professores. Isso ocorre quando a capacidade psíquica se esgota devido à adaptação contínua às demandas do trabalho.
Os sintomas incluem alterações nas funções mentais - como problema de memória, de controle de impulso ou instabilidade emocional, por exemplo -, diminuição da capacidade de encontrar melhores estratégias para o enfrentamento de desafios e situações de estresse e surgimento ou potencialização de transtornos mentais.
Esses sintomas causam transtornos na vida da pessoa tanto no seu convívio pessoal quanto no profissional.
“Alterações no comportamento e nas habilidades mentais devido, muitas vezes, ao cansaço são comuns no dia-a-dia. Porém quando elas ocorrem de forma recorrente, gerando sofrimento intenso ou deixando o indivíduo disfuncional em algum campo significativo de sua vida (trabalho, família, relacionamento íntimo, social etc.) é importante buscar ajuda médica e psicológica, até para descartar problemas clínicos”, alerta o psicólogo.
De acordo com o especialista, cada pessoa pode apresentar problemas diferentes. Porém, os mais comuns são fadiga, irritabilidade, aumento ou diminuição do sono e/ou apetite, oscilação de humor, dificuldade de concentração, sintomas gástricos, desânimo, perda de prazer nas coisas que gostava, preocupação em excesso quase todos os dias e taquicardia.
“A preocupação deve ser aumentada quanto maior o número e a intensidade dos sintomas”.
Rodney Costa enfatiza a importância de reconhecer que todos estão sujeitos a problemas de saúde mental. Ele recomenda a busca por equilíbrio entre as demandas da vida e a promoção do bem-estar por meio de atividades de lazer, interações sociais de qualidade, alimentação equilibrada e exercícios físicos.
Além disso, destaca que o acompanhamento psicológico não deve ser visto apenas como um recurso em momentos de crise, mas também como uma ferramenta de prevenção.
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A conscientização sobre a saúde mental dos professores é essencial. As escolas e instituições educacionais devem promover um ambiente de apoio e incentivar abertamente a busca por ajuda quando necessário. Os gestores escolares desempenham um papel importante na criação de um ambiente de trabalho saudável para os professores.
Dicas de autocuidado
1. Definir limites: Estabeleça limites claros entre o trabalho e a vida pessoal. Reserve tempo para relaxar e recarregar;
2. Buscar apoio: Não hesite em procurar apoio de colegas, amigos, familiares ou um profissional de saúde mental;
3. Praticar a resiliência: Desenvolver habilidades de resiliência pode ajudar a lidar com o estresse. Isso inclui técnicas de relaxamento e meditação;
4. Conectar-se com os alunos: Construir relacionamentos positivos com os alunos pode tornar a experiência de ensino mais gratificante.
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