Conversar: esse é o verbo-chave para que família e escola, de fato, criem uma sinergia para causar impacto positivo no aprendizado infantil
Faz algum tempo, a gente trouxe os highlights da primeira parte da conversa entre o Luis Laurelli, diretor educacional do isaac, e a pedagoga, gestora escolar e educadora parental, Maya Eigenmann. Esta é a continuação do papo que abordou a relação família-escola na nova temporada do café com isaac. Fizemos um apanhado dessa segunda etapa, que você pode acompanhar por completo no canal “isaac educação”, do Youtube, não perca!
Vamos lá! Depois de falar um pouco sobre impactos da relação família-escola e como ela pode beneficiar o aprendizado, bem como avaliar como o estabelecimento de ambientes seguros e acolhedores faz diferença no dia a dia do aluno, a Maya abordou um conceito bem interessante, o adultismo.
Dessa confluência, derivou a continuidade da conversa, que é aberta com uma pergunta, a fim de colocar a discussão no campo prático: “o que, afinal, a escola e a família devem fazer para facilitar o trabalho em conjunto e potencializar a aprendizagem do aluno?”
O isaac tem contato com muitas histórias importantes em suas mais de 1.200 escolas parceiras, mas a gente quer mesmo é ouvir a Maya, que conta que uma forma de se aproximar da família passa por trazer os adultos para mais perto do universo escolar, para a esfera de aprendizagem das crianças e adolescentes.
Para ela, fazer uma reunião por ano ou semestre com os pais não é suficiente. Manter um diálogo permanente é, portanto, essencial. Uma das maneiras de abordagem é levar a sério as dúvidas e inseguranças dos pais e, assim, acalmar o coração dos cuidadores. Este é um fator determinante para que a família possa ter assertividade e conforto para guiar seus filhos.
Palestras, reuniões e conversas mais informais que deixem os pais e familiares a par da tomada pedagógica evitam que existam cobranças excessivas ou díspares quanto ao aprendizado. Porém, os temas não podem ser aleatórios – aqueles que talvez fossem levantados pelos gestores a partir apenas das suas perspectivas – mas que tratem diretamente das “dores” dos pais, para que assim a aproximação seja bem mais natural.
Quando a criança ou o adolescente ingressa na instituição de ensino é necessário, também, fazer uma anamnese aprofundada. Maya pontua que não basta saber nome, idade, se tem ou não irmãos. O que determina como o ensino desta pessoa em formação será tecido é o conhecimento de como é a vida abrangente deste indivíduo: sua rotina, dificuldades, medos, hobbies e alegrias e, mais, como foi sua gestação e até seu parto.
Conhecer a criança nos leva, invariavelmente, a entender o contexto familiar. Há um estudo dos anos 1990, da OMS - Organização Mundial da Saúde, que Maya cita como fundamental. “Experiências Adversas na Infância” é um divisor de águas e demonstra como essas vivências impactam na vida adulta. O questionário, voltado aos adultos, ajuda a conhecer a família daquela criança ou adolescente e entender qual a sua composição e histórico. Esta é a versão adaptada ao contexto brasileiro.
Neste ponto da conversa, Luis Laurelli também contribui com sua experiência como gestor, aliando o cotidiano à teoria. Quando diretor, convidava os pais à entrada da escola pra um cafezinho, que servia como termômetro para saber o que eles estavam pensando. O Luis vê que essas conversas mais informais levavam pais, especialmente de alunos adolescentes, a estreitarem a relação, que nessa fase pode ficar mais distante.
Também ficava claro que havia um certo descompasso na forma como os pais tentavam auxiliar seus filhos nos estudos, se caracterizando como muito distantes de práticas pedagógicas mais atuais. Afinal, esses novos modos de fazer podem criar um abismo e deliberar entendimentos irreais dos cuidadores – que partem de sua própria experiência escolar - sobre a aprendizagem das crianças, em particular. Aliás, há que se considerar – ainda - que cada indivíduo tem um ritmo para aprender, o que nem sempre é levado a cabo.
A Maya aproveita, então, a deixa para falar um pouco sobre como, muitas vezes, compreendemos de maneira mais amigável o ritmo dos adultos em desenvolver aptidões do que o das crianças. O exemplo que a educadora dá não podia ser mais claro: é fácil ver que adultos acreditam que quando um jovem estudante entra na primeira série, já deve sair lendo e escrevendo fluentemente. Mas a realidade é outra, porque o processo de alfabetização vai até o terceiro ano do Ensino Fundamental.
Será que os adultos conseguem ter paciência e acreditar no processo de aprendizagem de suas crianças? Esse desafio tem que passar pela compreensão de que o erro é absolutamente normal e precisa ser tratado de forma natural. Para tanto, um ambiente acolhedor na hora de fazer a lição de casa, por exemplo, pode fazer do erro algo, até, menos frequente ao criar uma dinâmica de prazer pelo estudo.
Então, papais e mamães, tentem não pressionar, ok? Confiem na Escola, respeitem as posições que a instituição estabelece como diretrizes e formas de fazer. Se houver descompasso, conversar é o primeiro passo para o ajuste e, em último caso, talvez seja necessário rever o método, escolher um outro lugar, que de adeque às premissas da sua família.
Todavia, todo esse diálogo família-escola e o relacionamento mais próximo entre esses dois polos por parte dos gestores só é, de fato, possível se há a abertura de um espaço na agenda. Tal brecha pode ser oferecida pelo isaac, que assume com maestria e profissionalismo a gestão financeira da instituição. Então, gestor, se você ainda não tem essa ajuda, é uma boa dica entrar em contato conosco.
A escola é um lugar que trabalha com pessoas, para pessoas. Olhar para todos os aspectos que envolvem esse universo – profundamente, como para a experiência de vida e bagagem – é bastante importante e exige tempo. Afinal, o foco de tudo é a criança e o adolescente, então quanto mais estão integrados todos os envolvidos nesse processo, mais seguro esse jovem vai estar e melhor irá aprender.
Mas e aí? E se por acaso a escola tem essa dificuldade de estar junto à família? O que podem os pais fazer para diminuir esse abismo e aumentar o engajamento? De acordo com a educadora parental essa é a dúvida de muitos cuidadores e ela é categórica: não tem segredo é preciso chegar perguntando, abrindo um diálogo. É necessário questionar, se posicionar, o que pode ser uma barreira. E por quê?
Maya questiona se esses pais ainda não estariam em uma posição vivenciada quando crianças, a de quem “não pode – ou quer – incomodar?” A postura que, muitas vezes, tomamos quando adultos e é derivada da criança silenciada do passado. Ainda que seja o caso – e talvez especialmente se for – é importante que os pais assumam esse lugar de embate, onde são os porta-vozes.
Parece difícil e sabemos, que são muitas as camadas aqui envolvidas, mas atualmente há uma abertura das escolas, um processo de evolução em que se criam espaços para ouvir o que os pais têm a oferecer. Mas há um porém, as conversas – idealmente – devem se adequar ao formato que demanda cada assunto.
Há pautas coletivas, outras individuais e outras, ainda, íntimas e há que se ter bom-senso para que cada uma seja discutida de forma adequada. Sentando em uma roda para trabalhar em prol das crianças, para questões gerais; falando pessoalmente e em particular quanto os temas dizem de respeito às dificuldades e tratativas de um aluno em específico.
Como você pode ver, a relação entre famílias e escola é, de fato, crucial ao pleno aprendizado, tem muitas nuances e é, sim, uma construção a muitas mãos e corações. A Maya e o Luis trouxeram reflexões bem interessantes e você pode assistir a conversa todinha no canal do isaac, no Youtube.
isaac indica
Conteúdo que a gente acha que pode gostar:
Dicas para a participação das famílias na vida escolar
6 dicas para aumentar o engajamento escolar dos pais em 2023