A pedagoga, gestora educacional e educadora parental Maya Eigenmann debate alguns pontos-chave dessa interação em uma conversa com o isaac
Você consegue mensurar qual é a importância da família e da sua participação junto à escola para a aprendizagem do aluno? A resposta é simples: imprescindível. Mas afinal, de que forma essa relação pode de fato fazer a diferença?
O isaac convidou a pedagoga, gestora escolar e educadora parental, Maya Eigenmann para nos ajudar a compreender a relação família-escola em dois episódios da nova temporada do café com isaac, conduzido pelo Luis Laurelli, diretor educacional do isaac. Os highlights da primeira parte dessa conversa, a gente traz aqui, mas você pode acompanhar o conteúdo completo no canal “isaac educação”, do Youtube, não perca!
Neste episódio, Maya Eigenmann, tratou de temas como os impactos das relações entre família e escola para o desempenho escolar, um assunto sobre o qual o isaac se debruça. Ela começa sua fala por um apontamento singular: quando os pais - os cuidadores primários de uma criança - entram na escola, sua própria vivência como estudante nem sempre vêm à tona. E que, lembrá-los desse processo – de como é uma criança na sala de aula – é capaz de ajustar expectativas e ajudar os adultos a respeitar o ritmo de descoberta infantil, fortalecendo e maximizando o aprendizado. É como se os cuidadores precisassem reviver suas próprias memórias infantis, para de fato compreenderem como é a atual experiência de seus filhos. Faz sentido, né? Quando nos colocamos empaticamente no lugar do outro, conseguimos nos conectar melhor com seus sentimentos.
Sentir, também, que a família é parte do processo de aprendizagem pode fortalecer aspectos positivos e saudáveis para a criança nas esferas psicológica, emocional e fisiológica. Isso acontece porque a conexão entre a comunidade escolar e os pais oferece um ambiente mais seguro, acolhedor e respeitoso onde há liberdade para o livre aprendizado e, com ele, a possibilidade de errar e corrigir de forma natural.
Quer um exemplo? Imagine, uma criança que provém de um lar desestruturado, com escassez de recursos ou histórico de abuso, por exemplo, ou vivencia contextos de violência dentro e fora da escola. Essa pessoa em formação tende a ter mais dificuldade de se concentrar e disso decorre a propensão a um aprendizado deficitário e, em casos extremos, desencadeia a evasão escolar.
Tal cenário não é exceção em países em desenvolvimento, como o Brasil, e pode ser percebido e mensurado por estudos como os realizados pelo SAEB - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica e em levantamentos de órgãos que vão do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada à UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Se nos atentarmos a questões físicas-emocionais, podemos observar as variações nos níveis de cortisol – hormônio que está intimamente relacionado à resposta ao estresse – e sua relação com a aprendizagem. Diversas pesquisas apontam que espaços de interação menos seguros, entre outros fatores que geram ansiedade, tendem a aumentar o estresse nos alunos, o que eleva o cortisol e pode implicar em lacunas de aprendizagem. O contrário também é verdadeiro, de acordo com Maya.
Paralelamente, a interação entre a família e a escola oferece, também, a possibilidade de antecipar as necessidades da criança, que podem ser básicas, como a identificação de uma dificuldade de visão, ou mais complexas e íntimas. Nesses casos, a possibilidade de dividir informações sobre eventuais problemas em quaisquer das alçadas é relevante e determina ações fundamentais para minimização do impacto negativo ou soluções de questões que possam surgir.
Não menos importante em um mundo cada vez mais individualista, é observar que a presença familiar na escola é capaz, ainda, de gerar comunidades “extramuros”, que podem aproximar famílias nucleares e fortalecer vínculos, tanto entre as crianças, quanto entre cuidadores em âmbito comunitário amplo. Como a participação da família traz tantos benefícios, o isaac traz algumas dicas de como melhorar essa participação junto à escola.
Bem, você deve ter percebido que a Maya foca bastante nessa questão fundamental e muito frisada aqui: estabelecer ambientes que sejam seguros e acolhedores para as crianças. Para tanto, um conceito que a educadora afirma que precisa ser evitado é o “adultismo”.
Esse sistema de opressão é pouco discutido no cotidiano. No caso do adultismo, a ideia de poder e domínio se aplica a partir dos adultos em relação às crianças. E, sim, estamos falando sobre sentimento de posse e atos dele decorrentes.
De acordo com a educadora parental, socialmente, precisamos compreender que somos – adultos e crianças - pessoas de igual valor. Assim, ações calcadas nessa premissa devem ser abolidas, afinal, adultos são responsáveis e não “proprietários” das crianças.
Agir sempre para a segurança dos pequenos, garantindo limites que, inclusive, ajudem a promover o espaço autônomo de descoberta e aprendizagem em casa, na escola, em todos os lugares, é dever dos cuidadores e um dos pontos mais importantes da jornada de formação de pessoas como cidadãs autônomas e capazes.
Como você pode ver, a relação entre famílias e escola é, de fato, crucial ao pleno aprendizado. Mas como é possível construir e fortalecer essa conexão? A Maya Eigenmann e o Luis Laurelli vão trazer reflexões sobre métodos no próximo episódio do café com isaac. Não deixe de acompanhar esse debate no canal do isaac, no Youtube. A gente espera você!
Antes de sair, veja o isaac indica: