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Pedagógico

Qual o papel da família na prevenção ao bullying escolar?

Segundo a PeNSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 23% dos estudantes, entre 13 e 17 anos, afirmaram já ter sido vítimas desse tipo de violência na escola

Publicado em
7/4/2022
09 min
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07 de abril é o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. A data foi instituída a partir da criação da Lei Nº 13.185, com o intuito de chamar atenção sobre o tema e impulsionar uma maior reflexão.

Sancionada em 2016, a legislação estabelece e reforça o apelo por mais empenho de toda a sociedade para promover medidas de conscientização referentes à temática. E, nessa discussão, um dos questionamentos debatidos com grande frequência é o papel da família na prevenção ao bullying escolar.

O que é bullying?

Também chamado de intimidação sistemática, o bullying é caracterizado por “todo ato de violência, física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”, de acordo com a própria lei.

Nas escolas, essa ação pode acontecer a partir da exclusão de um aluno por um ou mais colegas, xingamentos, brigas e até casos mais sérios em que estudantes levam armas, brancas ou de fogo, para dentro das instituições de ensino.

Ao pensar nesses casos de violência, o senso comum acaba levando muitos indivíduos a depositarem nas escolas a única responsabilidade de educar as crianças e os adolescentes.

Porém, o pleno desenvolvimento físico, cognitivo e emocional dos estudantes está intrinsecamente ligado com a participação ativa e efetiva dos familiares no processo educacional.

“O combate eficaz ao bullying exige trabalho em conjunto, com muita cooperação por parte dos responsáveis legais. Se a educação começa em casa, o combate se inicia na família. Para convivermos em um ambiente eticamente seguro e saudável, é preciso orientação de todos os envolvidos”, afirma Patricia Peck, que é sócia fundadora e CEO do Peck Advogados e professora de Direito Digital.

Como saber o que é bullying?

Outro fator relevante é que os cuidadores podem perceber mais facilmente as características dos filhos, sejam elas físicas, comportamentais ou emocionais, que podem torná-los mais vulneráveis para serem possíveis vítimas.

Assim como a convivência diária também permite aos familiares identificarem as crianças e adolescentes que têm comportamentos mais agressivos e que, com certa frequência, agem de maneira discriminatória.

As percepções dos adultos responsáveis pelos alunos podem ser somadas às estratégias utilizadas pelas IE para combater o bullying escolar. Nesse sentido, a relação família-escola precisa manter-se próxima e fortalecida.

Para a prevenção da violência, é necessário que a família participe das reuniões pedagógicas e, ainda, que saiba manter uma escuta ativa quando professores e coordenadores fizerem apontamentos sobre o comportamento da criança.

As críticas, sugestões ou reflexões observadas pelos profissionais da educação devem ser ponderadas pelos familiares das vítimas e dos agressores. Assim, com o apoio da escola, é possível estabelecer providências adequadas para cada caso, visando a solução dos problemas de interação no ambiente escolar.

Saber identificar mudanças no comportamento apresentado dentro de casa também é uma prática que auxilia na prevenção do bullying. Estudiosos afirmam que a família costuma manifestar uma maior preocupação diante relatos de agressão. Mas, infelizmente, a violência verbal acaba sendo negligenciada em algumas situações, por acreditarem que ela é menos prejudicial.

É muito importante que a relação família-escola seja próxima e fortalecida para combater o bullying

Caso a criança seja a vítima, é preciso auxiliá-la a desenvolver maneiras de conseguir resolver os conflitos com os demais colegas, seja fortalecendo sua autoestima, sugerindo manter distância do agressor e estimulando a solicitar ajuda dos professores.

“É essencial ensinar os alunos a resolver os problemas de maneira não agressiva, com uso de comunicação não violenta (CNV), através do diálogo e da tolerância,de um método que os faça passar por análise de cenários para aprender a lidar com vários tipos de situações, das mais difíceis e embaraçosas até saber pedir ajuda e/ou socorro quando necessário”, ressalta Patricia.

Com o aluno que está praticando a violência, o diálogo e o acolhimento dos cuidadores e da equipe pedagógica é igualmente necessário. O ensino de habilidades socioemocionais também deve caminhar junto durante esse processo.

É necessário manter o hábito de reportar para os docentes as situações vivenciadas e compartilhadas pelo seu filho, afinal, atuando em conjunto é possível buscar as melhores alternativas.

23% dos estudantes já sofreram bullying escolar

Dados da PeNSE - Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2019, divulgados pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, revelaram que 23% dos estudantes, com idade entre 13 e 17 anos, afirmaram já ter sido vítimas de bullying na escola.

De acordo com o levantamento, quando os adolescentes foram questionados sobre o motivo de terem sofrido desse tipo de violência, os três maiores percentuais foram para aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (11,6%) e cor ou raça (4,6%).

Os danos da prática das agressões físicas, verbais ou emocionais no ambiente escolar têm consequências até mesmo na fase adulta. Pesquisas indicam que crianças vítimas de bullying estão mais propensas ao desenvolvimento de depressão e ansiedade.

Na vida estudantil, as vítimas podem apresentar baixo rendimento e aumentam as chances de evasão escolar. Por isso, é importante reforçar que o envolvimento da família e a atuação ativa da IE são determinantes para sanar as agressões, combater o bullying escolar e impulsionar o desenvolvimento pleno e saudável dos estudantes.

Lei de combate ao bullying escolar

O Dia do Combate ao Bullying foi criado em 2016, exatamente após cinco anos do Massacre de Realengo. No dia 7 de abril de 2011, um ex-aluno invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, e disparou contra diversos alunos que estavam dentro das salas de aula.

No ataque, 12 estudantes morreram e outros 20 ficaram feridos. O agressor, que na época tinha 23 anos, foi vítima de bullying escolar durante a adolescência.

Um dos objetivos da legislação é capacitar os professores e coordenadores para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema, de acordo com o MEC – Ministério da Educação.

Clique aqui e saiba mais sobre a Lei Nº 13.185 de combate ao bullying escolar.

isaac indica

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